Hobbes e o senhor das moscas
Hobbes e O Senhor das Moscas1
Cientista político inglês e filósofo, Thomas Hobbes inaugurou, com a publicação de sua obra Leviatã, uma discussão dentro da teoria política acerca da constituição de um governo soberano legitimado racionalmente. Essa tentativa de encontrar na razão os fundamentos que levam o indivíduo a se sujeitar ao poder político instituído culminou numa doutrina considerada a base da visão moderna de Estado.
Sua principal premissa é que a origem do Estado e/ou da sociedade está num contrato. Isso significa, primeiramente, que os homens viveriam no estado
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de natureza, sem qualquer organização; seriam movidos por um instinto de conservação e mantença da vida e estariam fadados a seguir os ditames de suas paixões e desejos, determinados pela razão natural. Somando estas circunstâncias com a finitude dos recursos, Hobbes deduziu que esse ambiente favorecia a competição entre os homens e a luta interna pela posse dos bens, o que, fatalmente, levava ao medo, à inveja e a disputa; em suma, estaria o homem absorto num estado de guerra de todos contra todos. Este estado de beligerância, nos dizeres do autor, é assim caracterizado:
(...) durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra. Uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens. A guerra não consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar, mas naquele lapso de tempo durante o qual a vontade de travar batalha é suficientemente conhecida. Daí a noção de tempo deve ser levada em conta quanto à natureza da guerra, do mesmo modo que quanto à natureza do clima. Tal como a natureza do mau tempo não consiste em dois ou três chuviscos, mas numa tendência para chover que dura vários dias seguidos, também a natureza da guerra não consiste na luta real, mas na conhecida disposição para tal, durante todo o tempo em que não