hitler
O espectador é mantido na poltrona ao longo dos 150 minutos de filme, por uma conspiração metonímica que mescla os escombros da Berlim nacional-socialista, o asfalto da Wilhelmstraße sulcado pela artilharia soviética e a penumbra úmida e kafkiana do bunker do Führer, localizado nos subterrâneos do jardim da Chancelaria do Reich (Reichskanzlei). Ali, toda a massa do céu grave de Berlim converge para o álamo nazista, numa emulação do Apocalipse que vem ter a conta dos doze anos em que a capital do Reich pretendeu ser a Alexandria germânica.
Antes de remontar à Alemanha como um todo, o filme remete a Berlim, e, antes de Berlim, à Wilhelmstraße. Não há um minuto entre os 150 capaz de desviar a atenção do espectador para a implosão das linhas alemãs no Elba, para a ruína da Wehrmacht na Baviera, para os milhões em fuga da Prússia Oriental, para a ocupação da Áustria pelos Quatro Grandes ou para o estado depauperado da Luftwaffe em todas as frentes de batalha. Enquanto o Reich de mil anos vinha a pique em todos os pontos cardeais, o nacional-socialismo se comprimia até lacrar-se em Berlim, condensando na cidade a vontade de resistência alemã e circunscrevendo as esperanças impossíveis ao perímetro de defesa urbano. Por força de uma transcendência que abate o próprio estado mental do que restou do Alto Comando Alemão, Berlim se