História
FLORESTAN FERNANDES
O capitalismo apresenta em sua evolução custos sociais variáveis. No início, esbulhados e pobres diluíam-se sobre um proletariado nascente que, através de submissão ou revolta, ainda aprendia a lidar com a manufatura e a exploração da força de trabalho, ao lado da inexistência de laços de solidariedade e obnubilação da consciência social de classe.
Os sindicatos exerceram enorme influência construtiva na organização dos trabalhadores e em sua liberação da dominação ideológica, política e de classe dos donos do capital.
As reformas e revoluções necessárias ao desenvolvimento capitalista surgiram em um clima de violências e conflitos sociais que deram forma, conteúdo e direção à constituição da civilização capitalista. Os proletários e o movimento social -de natureza socialista- desempenharam funções que imprimiram continuidade e maior profundidade à "revolução burguesa na Europa.
Sob o capitalismo competitivo, portanto, a burguesia, associada à aristocracia e especuladores das finanças e negócios coloniais, não teve a supremacia que lhe assegurasse, na transformação da sociedade, a neutralização da classe antagônica e dos miseráveis.
No presente, o capitalismo oligopolista vinculado à automatização e à administração informatizada aumentou, sob esse aspecto, o espaço da classe dominante e reduziu drasticamente a capacidade de iniciativa dos de baixo.
O mercado perde rapidamente sua importância como fator de classificação social e tende a afunilar o centro de gravidade do sistema societário, como se lucros e interesses capitalistas fossem um patrimônio a ser "enfeudado por empresas gigantes e seus administradores.
No mesmo sentido, a produção deixa de aferir o peso relativo do capital e do trabalho, impondo a predominância da tecnologia de ponta e seu impacto sobre a expansão econômica e a organização da sociedade. Rico e privilegiado tornam-se sinônimos.
Forma-se, assim, uma classe dominante