História
Marta Aparecida Lourenço[2]
O historiador Leonardo Pereira, em seu livro As Barricadas da Saúde: vacina e protesto no Rio de Janeiro da Primeira República, que com notável esmero se põe a desmanchas as tramas da Revolta da Vacina e investigar seus miúdos detalhes, apresenta-nos uma rica e inovadora interpretação sobre o episódio protagonizado no Rio de Janeiro em 1904. Publicado em 2002, o livro é resultado da trajetória de Leonardo Pereira em pesquisas na área de História do Brasil – com particular atenção ao Segundo Reinado e à Primeira República. No entanto, outras publicações também se destacam no conjunto dos trabalhos do autor, dentre elas: O carnaval das letras: Literatura e folia no Rio de Janeiro do século XIX publicado em 1994; Footballmania.Uma história social do futebol no Rio de Janeiro de 2000; e em parceria com Sidney Chalhoub: A História contada. Capítulos de história social da literatura no Brasil (1998); e História em cousas miúdas. Capítulos de história social da crônica no Brasil (2005). Ao estudar a Revolta da Vacina, tema recorrente na historiografia brasileira sob as mais diversas abordagens, tais como as de José Murilo de Carvalho, Sidney Chalhoub, Nicolau Sevcenco, dentre outros, Leonardo Pereira propõe compreender a revolta em uma amplitude diferente, dando ênfase maior às histórias dos sujeitos envolvidos nos conflitos e aos fatores que motivaram suas atuações. Para tanto, o autor investiga o conjunto de crenças e valores que permitiram o estabelecimento de “sistemas de solidariedade” [3] entre indivíduos de grupos sociais os mais variados, num protesto contra uma lei que, apesar de seu caráter obrigatório, poderia protegê-los da varíola. Com o intuito de desenvolver os propósitos supracitados, Pereira trata das emergências sociais, suscitadas pelo advento da República, ao apontar já no primeiro capítulo – Varíola, vacina e outras práticas de cura, para