história
DO PERÍODO COLONIAL
Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira O vasto acervo de esculturas religiosas da época colonial conservado em nossas igrejas, museus e coleções particulares, apesar de constituir um dos aspectos mais originais e significativos do patrimônio cultural brasileiro, é paradoxalmente um dos menos conhecidos e estudados. Raros foram os artistas que tiveram sua biografia pesquisada e obra analisada de forma sistemática e nenhuma publicação equivalente ao livro fundamental de Germain Bazin, O Aleijadinho e a escultura barroca no Brasil1, contemplou outros escultores dos séculos XVII e XVIII. Artistas da importância de Francisco Xavier de Brito e Francisco Vieira Servas em Minas Gerais, Manoel Inácio da Costa na Bahia e Mestre Valentim no Rio de Janeiro aguardam monografias abrangentes há várias décadas, assim como inúmeros outros “mestres” com obra já identificada, revelados pelos inventários do IPHAN2. O problema se agrava pelo fato de também serem escassos em Portugal os estudos de referência sobre as esculturas religiosas dos séculos XVII e XVIII, tendo-se em vista a origem portuguesa de boa parte do acervo de imagens desta época conservadas no Brasil e a atuação de numerosos escultores lusos em todas as fases de nossa história colonial. O descobrimento da biografia e obra anterior desses artistas emigrados e a falta de dados sobre as oficinas de origem das imagens importadas, procedentes, em sua maioria, das cidades de Lisboa e do Porto, constituem dificuldades básicas, que só serão solucionadas com a colaboração de pesquisadores dos dois lados do Atlântico. De um modo geral, as esculturas religiosas produzidas no Brasil colonial enquadram-se em três fases estilísticas, definindo, sucessivamente, um período maneirista ou proto-barroco no século XVII e décadas iniciais do XVIII, um período barroco propriamente dito entre 1720 e 1770 aproximadamente e um período rococó de 1770 em diante, prolongado