História e literatura de cordel
Mestranda em História social e política pela UFS
A história e Literatura de cordel
Por muito tempo, o saber e o fazer histórico encontravam-se atrelado a uma concepção de que a escrita da História consistia em relatar a trajetória de pessoas importantes da sociedade, num tempo e espaço definido. A partir dessa idéia, as produções historiográficas se limitaram a narrativa de grandiosos fatos, feitos de forma “precisa”, obedecia a uma cronologia que associada aos documentos contariam a “verdade” histórica sem nenhum risco de haver deformações e muito menos os devaneios da ficção.
A partir do século XX, estruturas do fazer historiográfico passaram por mudanças significativas com o surgimento do movimento “Escola dos Annales”, da qual, passava a abordar, e conceder um caráter científico, as histórias ditas “menores”, garantindo respalde a escrita cotidiana de um povo. Assim, temas que eram pouco analisados, como vestuários, ritos, indivíduos desconhecidos, que estiveram relegados ao esquecimento ganharam espaços e relevância nas pesquisas sociais. Pesavento, defende que é preciso os historiadores olhar o passado também por víeis literário, pois ela:
[...] permite o acesso à sintonia fina ou ao clima de uma época, ao modo pelo qual as pessoas pensavam o mundo, a si próprias, quais os valores que guiavam seus passos, quais os preconceitos, medos e sonhos. Ela representa o real, ela é fonte privilegiada para a leitura do imaginário.
Este processo diversificado do fazer, e do construir o saber histórico ampliou não só o objeto de estudo, como também diversificou o uso de fontes no campo da investigação. Assim, a literatura ganhou seu espaço e pôde adentrar no território das análises historiográficas como defende o autor Hayden White: “poderia então ser visto como alguém que, a exemplo do artista e do cientista moderno, procura explorar certa perspectiva do mundo que não pretende esgotar a descrição ou análise”. Hoje podemos dizer