História Ilustrada da Primeira Guerra Mundial - John Keegan
“No verão de 1914, a Europa desfrutava de uma produtividade pacífica de tal maneira dependente da cooperação internacional que a crença na impossibilidade de uma guerra mundial era senso comum. A grande ilusão tornara-se um best-seller. Seu autor, Norman Angell, havia demonstrado que a ruptura do crédito internacional, conseqüência inevitável de uma guerra mundial, ou seria suficiente para impedir a eclosão do conflito ou o forçaria a um rápido desfecho. (...) Após duas décadas de depressão, a produção industrial começou a expandir-se novamente nos últimos anos do século XIX. Novas categorias de artigos manufaturados surgiram para seduzir os consumidores (...) Causa pouca surpresa, portanto, que no início do século XX os banqueiros tivessem recuperado sua autoconfiança: o capital ancorado no ouro estava circulando livremente e o retorno dos investimentos ultramarinos constituía um significativo componente dos rendimentos privados e corporativos da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Holanda e Bélgica”. (p. 14/15)
“A internacionalização, entretanto, não era meramente comercial. Era também intelectual, filantrópica e religiosa. O único movimento religioso realmente transnacional continuou sendo a Igreja católica, centrada em Roma, mas com paróquias espalhadas ao redor do mundo”. (p. 19)
“Condições de trabalho também eram preocupações de cunho filantrópico. Por volta de 1914, diversos países europeus assinaram acordos bilaterais para proteger o direito dos trabalhadores ao seguro social e a indenizações, enquanto restringiam o trabalho feminino e o infantil. (...) O comércio de bebidas e drogas também era objeto de controle internacional; a Conferência do Ópio reuniu representantes de 12 países em Haia em 1912, fato que evidenciava o crescente desejo dos governantes de agir coletivamente”. (p. 20)
“A Europa do século XIX não havia produzido instrumentos sólidos de cooperação e de