História do rio grande do sul (1626-1930).
O que é que foi o que foi que é
Outros haverão de ter o que houvermos de perder. Outros poderão achar o que, no nosso encontrar foi achado, ou não achado, segundo o destino dado. Mas o que a eles não toca é a Magia que evoca o Longe e faz História.
Fernando Pessoa
O futuro será, o presente é, o passado foi. Parece simples; mas nesse eterno jogo do tempo com cada um de nós e com toda a Humanidade, estamos aparentemente condenados a uma submissão tão grande ao presente, por ele parecemos tão dominados, que é como se perdêssemos sempre e não resistíssemos a sua dimensão avassaladora. O bom é que — mesmo pensando que perdemos o jogo a cada segundo, minuto, hora, dia, mês, ano... — não desistimos; e, não encontrando maneira melhor de dele desfrutar, tendemos a fazer de conta que não perdemos; isto é, refugiamo-nos no sonho e na memória. Como que driblamos o presente no sonhar e no recordar; e, assim, vivendo uma sucessão infinita de presentes, puxados para trás ou empurrados para frente, levamos a vida e ainda nos sentimos autorizados a acreditar no futuro e ter esperança; e a relembrar o passado, e ter saudade. E temos a salvação dessa “Magia que evoca o Longe”... Tudo porque o que acontece mesmo, nesse nosso jogo com o tempo, é que somos levados a driblar a nós mesmos sempre e sempre, ante a contraditória imponderabilidade do presente, que só faz fugir de nós a todo o instante e que assim, de fato, a cada instante se faz passado —tanto que, se nos descuidamos, logo logo faz do agora antes e do hoje ontem; faz do presente que está sendo... presente que já não está sendo— presente que já não é presente, porque já foi. Mas, há essa