História de Vida
CAPÍTULO 4
A História de Vida e o Mosaico Científico
Thomas e Znaniecki publicaram o primeiro documento sociológico sobre história de vida que chamou amplamente a atenção em The Polish Peasanti. Clifford Shaw e seus associados publicaram vários outros nos anos subseqüentes: The Jack-Roller, The Natural History of a Delinquent Career e Brothers in Crime. Durante o mesmo período, Edwin Sutherland publicou o ainda popular Professional Thief. Documentos semelhantes foram publicados ocasionalmente desde então e, mais recentemente, The Fantastic Lodge e Hustler. Quando The Jack-Roller foi republicado há poucos anos atrás, fui convidado a escrever uma introdução e fiz disso uma oportunidade para algumas reflexões sobre o lugar da história de vida na sociologia contemporânea.
A história de vida não é um “dado” para a ciência social convencional, embora tenha algumas de suas características por se constituir numa tentativa de reunir material útil para a formulação de teoria sociológica geral. Tampouco é ela uma autobiografia convencional, ainda que compartilhe com a autobiografia sua forma narrativa, seu ponto de vista na primeira pessoa e sua postura abertamente subjetiva. Certamente não é ficção, embora os documentos de história de vida mais interessantes tenham uma sensibilidade, um ritmo e uma urgência dramática que qualquer romancista adoraria conseguir.
As diferenças entre estas formas residem tanto na perspectiva a partir da qual o trabalho é realizado quanto nos métodos utilizados. O escritor de ficção, é claro, não se preocupa em absoluto com fatos, mas, antes, com o impacto emocional e dramático, com forma e fantasia, com a criação de um mundo simbólica e artisticamente unificado. A fidelidade para com o mundo como ele existe é somente um dos muitos problemas para ele, e para muitos autores este é um aspecto de