História da química
CAPÍTULO 1
TREVISAN
ele procura por ouro numa pilha de esterco
No interior escuro de um velho laboratório, atravancado com fornalhas, alambiques, cadinhos, ferragens e foles, um velho homem tenta cozer dois mil ovos de galinha em grandes panelas de água em ebulição.
Cuidadosamente ele remove as cascas e as junta num monte. Estas ele aquece numa chama suave até elas estarem brancas como a neve, enquanto seus colaboradores separam as brancas das gemas e as apodrecem em esterco de cavalos brancos. Por oito longos anos os estranhos produtos são destilados e redestilados para a extração de um liquido branco misterioso e um óleo vermelho.
Com estes potentes solventes universais os dois alquimistas esperam produzir a “pedra filosofal”. Finalmente chegou o dia do teste final.
Novamente o suspense e novamente - fracasso! - a pedra deles não transforma nem um dos metais comuns em ouro.
Em segredo o velho homem vinha trabalhado, pois não havia o mestre árabe da alquimia, o próprio Geber, advertido seus discípulos: “ Pelo amor de
Deus, não deixe a facilidade de fazer ouro os levar a divulgar este procedimento ou mostrá-lo a qualquer um daqueles próximos a vocês, à suas esposas, ou ao seus filhos estimados, e ainda menos a qualquer outra pessoa. Se você não seguir este conselho você irá se arrepender quando o arrependimento for tarde demais. Se você divulgar este trabalho, o mundo será corrompido, e ouro poderá, então, ser produzido tão facilmente quanto vidro é feito para os bazares.”
A procura pelo Cálice Dourado era sua obsessão. Até onde ele pudesse se lembrar, Bernard Trevisan não havia pensado ou sonhado com qualquer outra coisa. Nascido em 1406 de uma família distinta de Pádua, a mais velha das cidades italianas do norte, ele foi criado com as histórias de seus avós a respeito da grande busca dos alquimistas. Estórias de fracassos, todas, mas ele iria ter sucesso onde os outros haviam falhado.