História da filosofia moderna
Dos ensaios de Montaigne, destaca-se a longa Apologia de Raymond Sebond, onde é feita a defesa dos argumentos teológicos deste médico espanhol sob a objeção de que a razão, em última instância, na investigação de assuntos religiosos, deve ser restringida e ceder espaço à fé. Nessa apologia, há o desdobramento de uma série de observações céticas sobre o poder da razão. Montaigne adota explicitamente o ponto de vista pirrônico - foi Pirro de Élida (365-275 a.C.) o fundador da escola cética -, da suspensão do do juízo (epoche) sintetizado na expressão "que sei, eu?" (1).
O homem não pode impedir que os sentidos não sejam os soberanos mestres dos conhecimentos que possui; mas estes não oferecem certeza e sempre podem induzi-lo em erro. (...)
(...) [N]ós mesmos e os objetos não temos existência constante. Nós, nosso julgamento, e todas as coisas mortais, seguimos uma corrente que nos leva sem cessar de volta ao ponto inicial. De sorte que nada de certo se pode estabelecer entre nós mesmos e o que se situa fora de nós, estando tanto o juiz como o julgado em perpétua transformação e movimento.
Nada conheceremos de nosso ser, porque tudo o que participa da