Historia
EM BUSCA DAS ESCOLAS NA ESCOLA: POR UMA EPISTEMOLOGIA DAS “BALAS SEM PAPEL”
ALEXANDRA GARCIA*
O olhar percorre as ruas como páginas escritas: a cidade diz tudo que devemos pensar, faz-nos repetir o seu discurso, e enquanto julgamos visitar Tamara limitamo-nos a registrar os nomes com que ela se define a si mesma e a todas as suas partes. Como realmente é a cidade sob esse denso invólucro de sinais, o que ela contém ou oculta, o homem sai de Tamara sem tê-lo sabido. (Ítalo Calvino, As cidades invisíveis)
RESUMO: O texto discute a produção de conhecimento no paradigma científico moderno a fim de ponderar sobre seus limites para acessar as nuances do cotidiano. Entende que, no rastro do cientificismo moderno seguido pelas ciências sociais, resignamo-nos e naturalizamos a prática de conhecer satisfazendo-nos e crendo em rótulos, embalagens que pretendem acessar e explicar o viver humano ordinário. Procura evidenciar a pertinência das opções que levam à proposição da pesquisa nos/dos/com os cotidianos como caminho, não como paradigma, para se compreender e valorizar os saberesfazeres das práticas cotidianas, não decifráveis por ângulos ou enquadramentos discursivos formais. Narrar experiências não é superestimar o que, pelo improvável aspecto “positivo”, pareça-nos uma “ode ao desvio-padrão”. Assumir os riscos de trazê-las implica acreditar que o ato de desestabilizar as concepções dominantes sobre a escola contribui para a pensarmos sem “pré-conceitos”, longe das impossibilidades e da beira do abismo. Palavras-chave: Pesquisa no/do/com o cotidiano. Cotidiano escolar. Emancipação social. Cientificismo.
*
Doutoranda pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professora adjunta da Escola de Educação da Universidade Grande Rio (UNIGRANRIO). E-mail: alegarcialima@hotmail.com
Educ. Soc., Campinas, vol. 28, n. 98, p. 129-147, jan./abr. 2007
Disponível em
129
Em busca das escolas na escola: por uma epistemologia das “balas