Instituto de Estudos Superiores Militares Curso Estudos Africanos 2008 O Fim do Imprio Colonial Portugus e as suas consequncias Paulo Alves Pereira Enquanto j nos anos sessenta do sculo passado, os pases anglfonos e francfonos em frica se libertam do jugo colonial, o mesmo no se pode dizer dos estados ultramarinos portugueses, os quais, face tacanhez da poltica colonial portuguesa, tm de permanecer at 1975 na dependncia da potncia colonizadora. Efectivamente a doutrina de Salazar (Ministro das Finanas em 1928 e Chefe de Estado a partir de Julho de 1932) para o futuro do imprio ultramarino clara este deveria permanecer portugus. Esta posi((o, preconizando uma poltica de carcter assimilatrio intransigente, diferindo esta radicalmente, por exemplo, da francesa nos dias de euforia da jovem IV Repblica, mostra-nos qu(o tacanha a ideologia que dirige a poltica portuguesa nesta altura. Tanto mais que enquanto Lisboa desde 1928 se fecha na defensiva, muito virada para um grande passado histrico, sopra em Paris entre 1944 e 1946 um vento de abertura a reformas, por um momento quase revolucionrio. Inclusiv as transformaes ao status quo da chamada assimilao so concesses aos guerrilheiros africanos, conquistadas com derramamento de sangue de ambas as partes. A tenacidade com que os portugueses desde 1961 defendem a sua presena em Angola, Moambique e na Guin, tudo menos curiosa. E as razes para isto no podem ser apenas procuradas na forma autoritria como Antnio de Oliveira Salazar dirigiu a poltica colonial, desde que ocupou o poder. Existem outras. Nomeadamente o facto de Portugal ser muito fraco e pobre para se permitir uma descolonizao, do-nos a justificao para o temor com que se agarra s suas possesses ultramarinas. Pois (indiferentemente das outras naes ocidentais terem conseguido com maior ou menor sucesso aderir descolonizao) Portugal sabe, que se prescindir da sua soberania sobre as suas colnias, ser-lhe- impossvel voltar a exercer uma influncia de peso (isto ,