Historia
Formadas inicialmente como Sociedade Agrícola e Pecuária de Pernambuco (SAPP), no estado de Pernambuco, as Ligas tiveram como primeira atuação a organização de 140 famílias arrendatárias no Engenho Galileia, cujas terras não produziam mais o açúcar. O objetivo naquele momento era auxiliar de forma assistencialista a melhoria técnica da produção das famílias do engenho.
Porém, esse núcleo organizado no engenho passou a incomodar o proprietário que resolveu conter a ação dos lavradores com o aumento da renda das terras. Esta medida acabaria expulsando as famílias do local. Uma solução tentada foi encontrar apoio junto a um advogado da capital, Recife, para auxiliá-los na luta contra o latifundiário dono do engenho. Francisco Julião (1915-1999) aceitou o desafio e passou a representar o movimento. O primeiro resultado veio em 1959, com uma decisão favorável aos lavradores, expressa na decisão judicial a favor da desapropriação do engenho e distribuição de suas terras às famílias.
A partir daí a ação das Ligas Camponesas se intensificou, influenciando mobilizações de camponeses pela Reforma Agrária e formando comitês das Ligas em vários estados brasileiros. No aspecto político institucional, as Ligas conseguiram eleger Francisco Julião deputado estadual por duas vezes e uma vez deputado federal por Pernambuco. Transformando-se em líder do movimento, Francisco Julião viajou para Cuba, junto a Jânio Quadros, o que evidenciava o reconhecimento internacional da luta pela terra realizada no Brasil.
As ligas defendiam uma reforma agrária profunda no Brasil, recorrendo em alguns casos a ações armadas contra medidas repressivas e autoritárias de alguns latifundiários. Essa característica despertou preocupação nos EUA, cuja imprensa apontava as Ligas como uma ameaça política ao Brasil.
No entanto, durante a década de 1960, as ligas passaram a dividir espaço