historia
Uma nação não é feita apenas de circunstâncias, embora elas sejam importantes. Uma nação se constrói a partir de fundamentos que moldam a identidade de seu povo, definindo seus costumes, instituições, estabelecendo o modo pelo qual se relaciona com as outras nações e absorve as tendências dominantes em cada momento. São esses fundamentos, apresentados a partir daquelas circunstâncias, que procuramos mostrar na Viagem pela História do Brasil.
Quais são eles?
Em primeiro lugar a adaptação, que se fez imperativa a partir do momento em que os primeiros europeus por aqui chegaram e perceberam que para sobreviver no Novo Mundo era necessário algo mais que seus costumes e crenças tradicionais. A força das armas que lhes garantia conquistas era inútil numa terra onde tomar espaço era fácil - mas muito difícil sobreviver no território desconhecido. Para isto, as circunstâncias só indicaram um caminho: aceitar o costume local para poderem ter acesso ao conhecimento dos homens da terra. A via aberta não era a guerra, mas o casamento, segundo a regra que obrigava cada estrangeiro a "ter" uma mulher da tribo para ser aceito por ela, estabelecendo uma complexa rede de parentesco com os demais membros. Parente ou inimigo, eram as únicas formas de relação possíveis para os nativos. A mistura de raças e culturas que assim se fez, contrária à tendência européia então - e até hoje - dominante, marcou de maneira definitiva a constituição do povo brasileiro, dando-lhe alguns de seus traços básicos: a liberalidade sexual relativamente forte, a cordialidade com o estrangeiro e a inclinação para aceitar o estranho.
O segundo fundamento tem um sentido contrário. Não adaptativo, mas impositivo; não cordial, mas violento. Se para aqui viver foi necessário casar, para produzir foi necessário escravizar. De início os "negros da terra", nativos pertencentes às tribos inimigas e escravizados com ajuda dos novos parentes, depois