Historia
.Desiludido, ele via o capitalismo estadunidense substituir com ímpetocrescente as referências que tinham guiado seus contemporâneos da elitebrasileira do Império. Da mesma forma que Rodó compusera seu Ariel comdenúncia similar no Uruguai de 1900, Prado pretendia reagir “contra ainsanidade da absoluta confraternização que se pretende impor entre o Brasile a grande república anglo-saxônica, de que nos achamos separados, não sópela grande distância, como pela raça, pela religião, pela índole, pela língua,pela história e pelas tradições do nosso povo”.
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Para ele, o fato de Brasil e
EUA
estarem no mesmo continente era mero acidente geográfico...A lista de agressões que Eduardo Prado enumera na obra constitui-senum verdadeiro rol de atrocidades sobre as quais o autor queria alertar osbrasileiros. Não é à toa que sua obra, fruto da pena de um aristocrata católicoe conservador, encontra eco numa editora de esquerda, a Alfa-Omega, erecebe prefácio de deputado do Partido Comunista, Aldo Rebelo. Ao longode mais de um século, o antiamericanismo parece ter a magia de continuaraproximando inimigos de classe. Nem os
EUA
são uma unidade, nem seusinimigos constituem um bloco homogêneo.Nem sempre dominou essa desconfiança. Os
EUA
tinham sido o primeiropaís a reconhecer a independência do Brasil. No Segundo Reinado, D.Pedro
II
tinha sido simpático aos norte-americanos. Sua presença na Feirada Filadélfia (1876) marcou época. A visita ao Brasil do pianista norte-americano Louis Moreau Gottschalk, a composição da sua
Grande fantasiasobre o Hino Nacional brasileiro e sua morte no apogeu da carreira, empleno Rio de Janeiro (1869), pareciam entrever uma relação cultural intensa.A República estreitou laços com o irmão do norte. O Brasil tornava-se“Estados Unidos do Brazil”, adotava o regime