Historia
Todo o começo é difícil — isto vale em qualquer ciência. A compreensão do primeiro capítulo, nomeadamente da secção que contém a análise da mercadoria, constituirá, portanto, a maior dificuldade. Tornei o mais possível popular aquilo que mais de perto diz respeito à análise da substância do valor e da magnitude do valor.(1*) A forma-valor, cuja figura acabada é a forma-dinheiro, é muito simples e vazia de conteúdo. Não obstante, o espírito humano, desde há mais de 2000 anos, tem em vão procurado sondar-lhe os fundamentos, enquanto, por outro lado, a análise de formas muito mais plenas de conteúdo e complicadas pelo menos aproximadamente resultou. Porquê? Porque o corpo [já] formado é mais fácil de estudar do que a célula do corpo. Além disso, na análise das formas económicas não podem servir nem o microscópio nem os reagentes químicos. A força da abstracção tem de os substituir a ambos. Para a sociedade burguesa, porém, a forma-mercadoria do produto de trabalho ou a forma-valor da mercadoria é a forma económica celular. Ao não instruído a análise desta parece perder-se em meras subtilezas. Trata-se aqui de facto de subtilezas, só que, porém, do mesmo modo que delas se trata na anatomia micrológica.
À excepção da secção sobre a forma-valor não se poderá, portanto, acusar este livro de difícil inteligibilidade. Suponho, naturalmente, leitores que querem aprender algo de novo e que, portanto, também querem pensar por si.
O físico observa processos da Natureza ou onde aparecem na forma mais pregnante e menos encoberta por influências perturbadoras ou, quando possível, faz experimentos em condições que asseguram o curso puro do processo. O que eu tenho de investigar nesta obra é o modo de produção capitalista e as relações de produção e de troca que lhe correspondem. O seu lugar clássico