Historia
Brasília, 22 a 24/7/2010
ISHIZUCHI JINJA DO BRASIL: UM GRUPO XINTO-BUDISTA EM DIÁLOGO COM OUTRAS TRADIÇÕES RELIGIOSAS
Ronan Alves Pereira, Universidade de Brasília
RESUMO
Esta comunicação trata da “Ishizuchi Jinja do Brasil”, uma associação religiosa dedicada ao culto do “Santo da Pedra” ou Ishizuchi-Ookami, divindade bastante cultuada na província japonesa de Ehime. A crença em Ishizuchi sofreu grande influência da tradição Shugendô dos ascetas montanheses, que combina elementos xintoístas, budistas e do culto a determinadas montanhas sagradas. Em meados dos anos 1950, houve uma rigorosa seca nos arredores de Mogi das Cruzes (SP). Alguns imigrantes japoneses da colônia Shikishima, na falta de melhor alternativa, recorreram à devoção ao “Santo da Pedra”. Anos depois foi construído um santuário para o culto dessa divindade em Mogi das Cruzes e, na década de 1980, uma capela nos arredores de Brasília. Esta comunicação sustenta que a prática religiosa desse grupo questiona a própria noção que as pessoas têm de religião, visto que esta possui origem ocidental e cristã. A crença em Ishizuchi no Brasil se reproduz em ambiente em que as fronteiras entre diferentes tradições religiosas são bastante porosas e não existe preocupação em se manter afiliação religiosa exclusiva a nenhuma tradição em particular. Por outro lado, as cerimônias, que são sempre seguidas por uma refeição coletiva, sugerem uma celebração e reprodução diaspórica de elementos da cultura japonesa.
INTRODUÇÃO
A “Ishizuchi Jinja do Brasil” ou Hakkoku Ishizuchi Jinja 伯国石鎚神社 é uma associação religiosa criada em meados da década de 1950 por imigrantes japoneses da Colônia Shikishima, em Mogi das Cruzes, município localizado a menos de 50 quilômetros de São Paulo. Porém, sua origem mais remota é o culto a montanhas sagradas que retrocede à pré-história japonesa. Com o passar do tempo, esse culto se misturou com crenças