historia

574 palavras 3 páginas
O caminho das pedras. (Nei Lopes) Quem por acaso menospreza a religiosidade africana recriada no Brasil e nas Américas, achando que ela não passa de “um amontoado de crendices e superstições sem pé nem cabeça” – como já se disse por aí –, está muito enganado. E quem, sob esse ou outro motivo, nunca se debruçou sobre o copioso acervo representado pelos relatos históricos e míticos (toda mitologia tem seu mitologema, como “todo boato tem um fundo de verdade”) dessa tradição múltipla, não sabe o que está perdendo.

O antropólogo francês Marcel Griaule, já na década de 1930, percebeu a importância das matrizes desse acervo. E, graças a essa compreensão e ao aprofundamento nesse conhecimento, tornou-se o primeiro antropólogo da Sorbonne, a excelentíssima universidade de Paris.

No livro Filosofia e religião dos negros, publicado em 1950, Griaule, afirmando a alta importância do saber e da espiritualidade africana, ressaltava: “Basta nos debruçarmos sobre esse conjunto de crenças e cultos para encontrar uma estrutura religiosa firme e digna”. E recomendava que outros o fizessem.

Na mesma linha de pensamento, no livro Cultura tradicional bantu, de 1985, o padre espanhol Raúl Ruiz de Asúa Altuna repertoriava os princípios filosóficos contidos na religiosidade dos povos bantos (de Angola, Congo etc.), como, aliás, já o fizera, na década de 1940, outro sacerdote, o belga Placide Tempels.

Pois o autor deste livro “fez a lição” dos padres e ouviu a recomendação do mestre antropólogo francês. Mas antes de ouvi-la, já tinha escutado e compreendido o chamado dos tambores do xambá, uma das “nações” do xangô, o “candomblé pernambucano”. E com eles aprendeu que, assim como o candomblé da Bahia procede dos nagôs e jejes dos atuais Benin e Nigéria, o xambá vem do povo Chamba ou Tchamba, do oeste do atual Camarões.

Mas, além do xambá de sua tradição familiar, Luiz Antônio Simas aproximou-se também, ritualisticamente, das tradições que sustentam o culto jeje-nagô

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