Historia
Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo
Professor Titular do Instituto de Economia da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Nós somos herdeiros, o que não quer dizer que possuímos ou recebemos isto ou aquilo, ou que possamos enriquecer com a herança. Mas o ser daquilo que somos é já, em seu começo, uma herança. Não importa se nós a desejamos, saibamos dela ou não. Hölderlin considerava a linguagem o mais perigoso dos bens. Mas ela foi entregue ao homem para que ele dê o testemunho de haver herdado o que ele é. A herança jamais é uma doação, mas uma tarefa. (Jacques Derrida. Spectres de Marx).
Sou um filho do mundo que nasce no Pós-Guerra, da São Paulo da Ciranda de Pedra, de nossa querida Lígia Fagundes Telles e do Brasil que arfava entre a euforia da vitória das democracias e as esperanças do desenvolvimentismo.
Já antes do término da Segunda Guerra Mundial, o projeto hegemônico dos vencedores, os Estados Unidos, foi desenhado com o propósito de eliminar os fatores políticos e econômicos que levaram às duas conflagrações globais. A instabilidade econômica e as rivalidades interimperialistas – entre o final do século XIX e a Segunda Guerra Mundial – foram devastadoras do ponto de vista econômico, social, moral e político. Terminado o conflito, as forças vitoriosas, democráticas e antifascistas, trataram de criar instituições destinadas a impedir a repetição da desordem destrutiva que nascera da rivalidade entre as potências e da economia destravada.
Só o maniqueísmo típico da Guerra Fria se atreveria a negar que as forças sociais e o imaginário político predominantes no New Deal tinham uma visão progressista acerca do papel a ser exercido pelos Estados Unidos. Em claro antagonismo com as práticas das velhas potências, os Estados Unidos – tomando em conta o seu auto-interesse de forma esclarecida – se empenharam na reconstrução européia e apoiaram as lutas pela descolonização.
O que se observou, a partir de então, foi um ensaio – apenas