Historia
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ÁLVARO FERREIRA DA SILVA LUCIANO AMARAL A economia portuguesa na I República A análise da economia portuguesa durante a década e meia que durou a I República pode facilmente ficar reduzida à compreensão do impacto da I Guerra Mundial. Num certo sentido, a guerra terá talvez sido o evento determinante para o fim do frágil regime republicano, que se havia instalado apenas quatro anos antes do seu início. Em termos económicos, para além das perturbações ao funcionamento geral da economia, sobretudo resultantes das dificuldades do comércio internacional, a guerra teve essencialmente efeitos financeiros e monetários, que por sua vez tiveram importantes repercussões na actividade económica. A incompletude das medidas de estabilização adoptadas a partir de 1922, em conjugação com os efeitos de abrandamento conjuntural do crescimento delas resultante, acabou por dar margem ao aparecimento do messianismo financeiro de Salazar. A crise económica e orçamental criada pela I Guerra Mundial ajuda, assim, a explicar o desaparecimento do regime da I República. O período posterior à guerra é marcado, no mundo ocidental, pela ideia de regresso à prosperidade da segunda metade do século XIX e princípios do século XX. Para isso, julgava-se necessário voltar a abrir o comércio, encerrado desde 1914, e regressar ao sistema do padrão-ouro, o exemplo máximo da cooperação económica internacional. Mas as décadas seguintes parecem confirmar o pessimismo retrospectivo de David Thomson: ninguém à época soube "ver que a guerra moderna é uma revolução, e que o mundo económico de 1913 tinha passado à história. De fim nunca se tinha visto nada assim: Foi o fim de quatro impérios – o Reich alemão, o Império Austro-húngaro, o Imperio Russo e o Império Otomano – o primeiro regime comunista da História da humanidade, na Rússia, instalado no território do maior desses defuntos impérios: cerca de 10 novos países na Europa, muitos deles desprovidos das condições mínimas de viabilidade politica e