Historia
A residência hospitalar como modalidade de especialização em psicologia clínica.
A Importância do Hospital na Formação do Psicólogo
O hospital é um espaço de experiências humanas muitas vezes extremas. Lugar onde nos defrontamos com a fragilidade do corpo, com a dor, com o sofrimento, perdas e tristezas, caracterizando-se como uma clínica da urgência (Decat de Moura, 2000). Por outro lado, a possibilidade de superar este lugar de desamparo, de redução ao corpo e de vazio da palavra, pode trazer momentos importantes e gratificantes tanto para quem assiste, quanto para quem é assistido.
Apesar da ideia do hospital como proteção, a maioria das pessoas possui temores de ingressar nesse espaço. O confronto com o real do sofrimento, da dor e da morte, pode exercer o efeito de estilhaça mento em nossas armaduras imaginárias. Ao confrontar-se com a alteridade impactante do desamparo e da fragilidade do corpo e da vida humana, toma-se contato com o real da castração, através da percepção da incompletude. Por tudo isto, podemos supor que o hospital ajuda também a criar uma capacidade de circulação entre o impacto da dor e da alegria, o que favorece a fruição da vida e a saúde psíquica, prestando um serviço ímpar para a formação do psicólogo.
Do ponto de vista histórico, a concepção de hospital tem sofrido mudanças, tanto conceituais quanto em suas funções sociais. Nascido como lugar-depositário para os moribundos pobres (Abranches, 1998), revelou-se no século passado como corpo dócil e ideal para a investigação, descrição das doenças e instrumentalização técnica. Com o desenvolvimento das tecnologias (exames, diagnóstico e intervenção precisa), o hospital transformou-se no lugar do tratamento, da cura das doenças e da restituição da saúde. Não conseguiu, entretanto, resolver a ambiguidade presente na sua história, qual seja, por um lado, a sua representação enquanto espaço depositário da morte e, por outro, enquanto lugar de resgate da vida