LOBATO, Monteiro. Urupês. 1ª ed. São Paulo: Globo, 2007.Conto Colcha de Retalhos. Urupês é uma obra escrita por um dos mais célebres escritores brasileiros - que muitas vezes é lembrado apenas como escrito de histórias infantis - Monteiro Lobato consegue trazer nesta obra uma realidade conhecida principalmente dos paulistanos. Composta por contos, a obra nos traz um regionalismos crítico e prático. O conto Colcha de Retalhos, presente na obra, retrata com exatidão este regionalismo. Consegue-se identificar através das falas das personagens o sotaque do interior de São Paulo. Tem como cenário uma pequena cidade e uma casa muito afastada, onde seus moradores quase nunca vão a essa cidade. As personagens têm poucas falas e nessas poucas é possível perceber com clareza de modo que chega até ser, de certa forma, audível o sotaque claro do sertanejo paulistano em sua simplicidade de palavras e trocadilhos. A história tem um narrador-personagem que conta a história de uma bela garota, Pingo d’Água, e sua família. Em uma visita a casa desta família de vida simples e tão distante da cidade, o narrador percebe em Pingo uma garota bonita e calada, sua avó deposita nela todas as suas expectativas costurando para a moça uma colcha de retalhos com pedaços de todas as roupas da garota, sendo que o último retalho seria (sem sombra de dúvidas - nas expectativas da avó) um pedaço do vestido de casamento da garota. Porém, após o falecimento de sua mãe, Pingo D’Água conhece um rapaz e os dois fogem juntos, ficando pelos arredores os comentários de que a moça foi “desvirtuada” por este rapaz. A expectativas da avó de poder terminar a colcha de retalhos se vai e se último desejo é que a colcha seja não mais um presente de casamento, mas sim a sua mortalha. Escrito por volta de 1918, o conto nos remente a uma realidade ainda viva hoje, sobre depositarmos nossas expectativas nas pessoas que, normalmente, não estão preocupadas com compromisso ou