Historia viva
As raízes puritanas
Ao contrário da versão corrente, são os presbiterianos radicais de Massachusetts - e não os pioneiros do Mayflower - os fundadores da nação americana.
A chegada dos peregrinos a Massachusetts, óleo sobre tela de Antonio Gisbert, 1864.
No outono de 1620, 102 ingleses embarcaram no Mayflower para viajar rumo a uma concessão situada perto da embocadura do rio Hudson, que lhes tinha sido concedida pelos mandatários da Companhia de Virgínia pelo prazo de sete anos.
Por Liliane Crété Tradução Alexandre Agabiti Fernandez
Os passageiros, incluindo mulheres e crianças, não formavam um grupo homogêneo. Trinta e cinco deles eram presbiterianos, que cultivavam o desejo de viver em paz segundo suas convicções religiosas, ao passo que o gosto pela aventura e o desejo de fazer fortuna motivavam os outros companheiros. Após uma tempestade na costa americana, os viajantes não esperaram chegar ao destino previsto inicialmente. Desembarcaram 200 quilômetros mais ao norte, diante do Cabo Cod fora, portanto, dos territórios da Companhia. Os puritanos não somente foram abandonados à própria sorte, "largados como vieram ao mundo", como ficaram à mercê, acreditavam, da cupidez manifesta dos outros passageiros. Para dar valor legal à sua fixação na costa americana, e também, sem nenhuma dúvida, para se proteger de seus companheiros, redigiram um documento, o Mayflower Compact ,assinado ainda a bordo por 41 adultos, em 21 de novembro (ou 11 de novembro para os anglo-saxões, que só aceitaram o calendário gregoriano a partir do século XIX). Desde o início da colonização, os puritanos manifestaram o desejo de se organizar em um corpo político civil. A terra prometida trouxe a esses novos "filhos de Israel" sua parcela de sofrimento. A fome, o frio e a doença dizimaram a pequena colônia. A metade dos pioneiros não resistiu ao primeiro inverno. Os sobreviventes, contudo, dedicaram-se ao trabalho. Uma
boa colheita,