historia do imperador júlio césar
Júlio César: conquistador improvável
O general mais famoso do mundo era, na verdade, um mestre conciliador e um gênio da política. Seu nome virou sinônimo de imperador, mas ele nunca pisou no trono. Conheça os paradoxos da vida de Júlio César
Reinaldo José Lopes | 01/10/2004 00h00
Os gênios, diz a lenda, nascem prontos. Quase todo mundo já escutou histórias intermináveis sobre Mozart encantando soberanos da Europa com meros 5 anos de idade, ou sobre Pelé deixando os suecos boquiabertos quando não passava de um meninote de 17. Mas, para o homem cujo nome virou sinônimo (literalmente) de imperador e general, as coisas ocorreram bem mais devagar. Ele teve de esperar a maturidade para conseguir mostrar a que veio, galgando o poder aos poucos, de mansinho – ascensão que, aliás, combinava bem com a personalidade desse mestre conciliador. César governou para valer os gigantescos domínios de Roma por apenas quatro anos, mas a influência do “Divino Júlio”, como seus conterrâneos passaram a conhecê-lo depois da morte, dura mais de dois milênios.
Ganhar fama de divino, aliás, era algo que andava nos planos da família de Caio Júlio César desde que Roma era Roma. Ou quase: há quem diga que, na verdade, a gens(família expandida ou clã, para os romanos) chamada Iulia viera de Alba Longa, uma cidade vizinha no Lácio. Seja como for, os orgulhosos antepassados de Caio Júlio diziam ter surgido de Iulus, um dos filhos de Enéias, o nobre troiano com pai mortal e mãe divina – ninguém menos que Vênus. “Assim, misturam-se à nossa raça a santidade dos reis, que tão poderosa influência exercem sobre os homens, e a majestade dos deuses, que mantêm debaixo de sua autoridade os próprios reis”, teria se vangloriado César, durante um discurso, de acordo com o historiador romano Suetônio, que viveu entre os anos 64 e 141.
Mania de grandeza à parte, o fato é que o jovem Júlio, nascido por volta do ano 100 a.C. (a data exata é um tanto controversa), não teve muita chance