historia do brasil
Licenciatura em História
Vanessa Carolina da Silva
Cidadania no Brasil: o longo caminho
José Murilo de Carvalho
Nesse trabalho, objetiva-se fazer uma avaliação crítica da obra de Murilo de Carvalho e, concomitantemente, desenvolver a partir dos pontos levantados pelo autor alguns questionamentos que liguem a descrição (majoritariamente histórica) trazida na obra a questões atuais ou mesmo a assuntos pouco questionados no texto original, relacionando-o com a Teoria Geral do Estado e com outras obras que mostrarem-se convenientes ao longo do estudo. O esforço de reconstrução, melhor dito, de construção da democracia no Brasil ganhou ímpeto após o fim da ditadura militar, em 1985. Uma das marcas desse esforço é a voga que assumiu a palavra cidadania. Políticos, jornalistas, intelectuais, líderes sindicais, dirigentes de associações, simples cidadãos, todos a adotaram. A cidadania, literalmente, caiu na boca do povo. Mais ainda, ela substituiu o próprio povo na retórica política. Não se diz mais "o povo quer isto ou aquilo", diz-se "a cidadania quer". Cidadania virou gente. No auge do entusiasmo cívico, chamamos a Constituição de 1988 de Constituição Cidadã. No primeiro capítulo o autor analisa a condição da cidadania dos brasileiros desde a Independência até a ruína da República Velha. Murilo de Carvalho justifica essa abordagem por afirmar que, tanto o processo de Independência quanto a declaração da República, praticamente em nada alteraram o estado da cidadania no Brasil. Ele aponta também a abolição de escravidão, como um dos únicos avanços legítimos e significativos, sob essa perspectiva. Nesse capítulo, é o foco conferido ao caráter prejudicial da escravidão à formação cidadã durante o período colonial, considerando-se que esse sistema institucionalizava e fazia socialmente aceita a exclusão de um grupo inteiro do acesso a todos os direitos essenciais à cidadania. A simples irrelevância que tinha o ideal da liberdade