Historia Do Brasil I 1
SEGREDOS INTERNOS
ENGENHOS E ESCRAVOS NA SOCIEDADE COLONIAL 1550-1835
Tradução: LAURA TEIXEIRA MOTTA
Ia reimpressão
COMPANHIA DAS LETRAS Em co-edição com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq
9 UMA SOCIEDADE ESCRAVISTA COLONIAL
Em América, todo blanco es caballero
Alexander von Humboldt (1804)
[...] onde uma pessoa de origem das mais modestas dá-se ares de grande fidalgo
Um funcionário régio (1718) Até agora, acompanhamos a formação da sociedade colonial brasileira por meio do estudo da economia açucareira e do sistema de grande lavoura em que ela se alicerçou. Durante essa etapa de formação, as ações e decisões dos europeus, indígenas e africanos contribuíram para o modo como se deu esse processo histórico e os resultados dele originados. Ademais, a tecnologia e as técnicas da manufatura do açúcar e a posição desse produto Np mercado internacional também estruturaram as relações sociais e criaram ou reforçaram posições mantidas por vários, grupos: senhores de engenho, comerciantes e escravos. Embora desde o início sempre existissem outros grupos e outras atividades no Brasil português, o açúcar, o engenho e a escravidão desempenharam papéis cruciais na definição e conformação da sociedade brasileira. Assim foi não só porque o açúcar manteve-se como importante atividade econômica, mas também porque os princípios em que se assentou a sociedade açucareira foram amplamente compartilhados, adaptáveis a novas situações e sancionados pela Igreja e pelo Estado. O Brasil-colônia foi uma sociedade escravista não meramente devido ao óbvio fato de sua força de trabalho ser