Historia da educação
E esse pensar, alimentado pelo presente, trabalha com “os fragmentos do pensamento” que consegue extorquir do passado e reunir sobre si. Como um pescador de pérolas que desce ao fundo do mar, não para escavá-lo e trazer à luz, mas para extrair o rico e o estranho, as pérolas e o coral das profundezas, e trazê-los à superfície, esse pensar sonda as profundezas do passado – mas não para ressuscitá-lo tal como era e contribuir para a renovação das coisas extintas. O que guia esse pensar é a convicção de que, embora vivo, esteja sujeito à ruína do tempo, o processo de decadência é ao mesmo tempo um processo de cristalização, que nas profundezas do mar, onde afunda e se dissolve aquilo que outrora era vivo, algumas coisas “sofrem uma transformação marinha” e sobrevivem em novas formas e contornos cristalizados que se mantêm imune aos elementos, como se apenas esperassem o pescador de pérolas que um dia descerá até elas e as trará ao mundo dos vivos – como “fragmentos do pensamento”, como algo “rico e estranho” [...] (Hannah Arendt, 1978)
Muito vem sendo pesquisado e escrito sobre Memória e História e, no âmbito da História da Educação, esse é um tema de vigorosas publicações. Como uma espécie de pescadores de pérolas e de corais, voltamo-nos para o passado (ainda presente) da educação, perscrutando a sobrevivência de formas e contornos que, muitas vezes cristalizados, persistem na experiência educativa e escolar de nossos dias
Memória e história, à exceção do passado como elemento comum, operam diferentemente, embora imbricadas e mantenham íntimas relações. Para compreender esta distinção, precisamos definir, grosso modo, o que é História e o que é Memória
Por História estamos considerando um campo de produção de conhecimentos, que se nutre de teorias explicativas e de fontes, pistas, indícios, vestígios que auxiliam a compreender as ações humanas no tempo e no espaço. É um trabalho de pensamento que supõe o