Historia da Arte
Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva Ao participar de uma edição da Revista Brasileira de Lingüística Aplicada que homenageia um dos mais ilustres representantes da Lingüística Aplicada no Brasil, o Dr. John Robert Schmitz, escolhi refletir sobre ética e pesquisa por três motivos. O primeiro, por estar relacionado a uma das preocupações do homenageado. Recentemente, Schmitz apresentou um trabalho sobre a ética na tradução no XVI congresso da International Federation of Translators/Fédération Internationale des Traducteurs (FIT). Nesse texto, Schmitz (2002) resenha uma série de autores que escreveram sobre ética na tradução e discute a questão em torno da visibilidade do tradutor (no texto, nos créditos do trabalho, e nos para-textos) e dos direitos autorais que, geralmente, protegem o autor, mas ignoram o tradutor. O segundo motivo foi minha participação em uma mesa-redonda sobre ética na pesquisa, na reunião do GT de Lingüística Aplicada da ANPOLL de 2002, quando apresentei algumas reflexões sobre o tema. O terceiro motivo advém do fato de eu ter tido a oportunidade de compartilhar com John Schmitz um primeiro rascunho das reflexões que agora desenvolvo e de ter tido o privilégio de contar com seus comentários. A ética, segundo Cenci (2002, p. 90), nasce amparada no ideal grego da justa medida, do equilíbrio das ações. Cenci explica que a justa medida é a busca do agenciamento do agir humano de tal forma que o mesmo seja bom para todos. Se a pesquisa envolve pesquisadores e pesquisados – ou pesquisadores e participantes –, é importante que a ética conduza as ações de pesquisa, de modo que a investigação não traga prejuízo para nenhuma das partes envolvidas. Dupas (2001, p. 75), lembrando Habermas, para quem a teoria deve prestar contas à práxis, alerta que o saber não pode, enquanto tal, ser isolado de suas conseqüências. Devido à imprevisibilidade das conseqüências de uma investigação, é imperativo que a ética