Historia cultural
Ao mesmo tempo, como afirma Chartier, embora algumas vezes uma obra chegue a tornar-se livro de cordel muito tempo depois da primeira edição, não se pode dizer que a opção por textos mais antigos era uma tendência. Isso porque, logo que os direitos do primeiro editor sobre a publicação de um livro expiravam, os editores de Troyes procuravam igualmente introduzi-los na coleção de livros de cordel. Do mesmo modo, para o autor, não são os próprios textos, visto que também provinham dos meios eruditos, que determinam a singularidade dos cordéis, mas sim a intervenção editorial no sentido de adequá-los à capacidade dos leitores que pretendem abranger. Os impressores modificavam os livros orientados pelas representações que construíam “das competências e das expectativas culturais de leitores para quem o livro não é algo familiar.”
Com isso, apesar da diversidade dos gêneros, a seleção dos livros que entrariam no catálogo dos cordéis não era aleatória, mas seguiam uma linha no que se refere à constituição do texto, a qual os editores acreditavam adequada às possibilidades que eles atribuíam a seus potenciais leitores. Por exemplo, as histórias de ficção privilegiadas eram aquelas cuja narrativa fosse descontínua e repetitiva, não exigindo muito da memória.