Helen Keller
Na sua juventude Helen Keller era uma moça alta e graciosa, atraente e dotada de uma simpatia que a todos conquistava. Tinha uns cabelos de oiro e olhos azuis, brilhantes, vivos e expressivos; nariz quase direito, boca nobremente desenhada, queixo pequeno mas firme e, dominando o conjunto, a fronte alta e quadrada, que atraía e detinha a atenção. Adorava as crianças e interessava se muito por adornos e vestidos, sabendo descrever os dela e os da sua professora com aquele colorido e requinte de pormenores de que só as raparigas são capazes. A sua existência era encantadoramente feminina - vida inundada de amor, de lágrimas e de poesia! dizia ela que todas as suas visões brotavam do amor e da poesia e que essas flores não podem vicejar sem lágrimas.
Tinha uma vida mental particularmente activa. Dedicava-se à meditação, à leitura, à conversação com os seus íntimos, à correspondência e aos seus trabalhos literários. No dia a dia de Helen Keller não havia lugar para a ociosidade nem para o tédio.
Em 1956, durante uma viagem de férias peIa Europa, a ilustre escritora e pedagoga norte-americana visitou PortugaI, tendo permanecido em Lisboa cerca de uma semana. Recebeu entre nós inequívocos testemunhos de apreço e deu uma conferência de imprensa na biblioteca da Embaixada dos Estados Unidos. Além do Embaixador e de outras entidades ligadas aos Serviços Culturais e de Imprensa, assistiram muitos jornalistas, numerosas senhoras, estudantes, fiIiadas da Mocidade Portuguesa, etc.
Helen Keller apareceu elegante e distinta, toda vestida de azul e um pequeno chapéu de palha adornado de florinhas também azuis. Era uma mulher de aspecto saudável, de faculdades altamente desenvolvidas, que usava o sorriso como arma de captação de simpatias. Tinha um temperamento emotivo, vivaz, quente e sujeito a breves exaltações. A fé e o entusiasmo continuavam a ser a tónica do carácter dessa septuagenária simpática e alegre, sempre viva