Hegemonia americana e multilateralismo
João Marques Almeida *
Janus 2003
Desde o fim da Guerra Fria que as questões da distribuição de poder e do rumo da política externa dos EUA têm dominado parte das discussões das Relações Internacionais. A estrutura de poder tornou-se desde então marcadamente caracterizada pelo unipolarismo, em particular desde o 11 de Setembro, surgindo para tal duas explicações: as condições hobbesianas que caracterizam grande parte do sistema internacional e a legitimação do uso da força para manter a ordem nas regiões anárquicas. Contudo os EUA mantiveram também os seus compromissos para com a ordem multilateral (guerra dos Balcãs).
Desde o fim da Guerra Fria, as questões da nova distribuição de poder e do rumo da política externa norte-americana têm dominado grande parte das discussões das Relações Internacionais. Em relação à primeira questão, as posições dividem-se entre aqueles que falam da emergência de um sistema internacional unipolar e os que prevêem o regresso de uma distribuição de poder multipolar. (1) No caso da segunda, o debate verifica-se entre os que antecipam uma viragem para o unilateralismo e os que sublinham a continuidade em relação aos compromissos multilaterais. (2)
Deve notar-se que embora as duas questões estejam ligadas, a relação não é uniforme (ou não era até ao 11 de Setembro). Ou seja, entre os que se referem à emergência de um sistema unipolar, existem unilateralistas e multilateralistas. E o mesmo se passa entre os que antecipam o regresso ao multipolarismo. No entanto, os ataques de 11 de Setembro parecem ter clarificado estas questões. Hoje, a maioria dos analistas inclina-se a favor da existência de um sistema unipolar, e considera que a política externa norte-americana é cada vez mais unilateral. Neste sentido, é apropriado examinar a natureza da hegemonia norte-americana, em particular após o 11 de Setembro. O regresso do unilateralismo?
O programa unilateral caracteriza-se