Hegel
A CRÍTICA DE HEGEL AO DUALISMO SUJEITO-OBJETO DE KANT
Marcio Tadeu Girotti1
Resumo
O presente artigo aborda a crítica de Hegel ao dualismo sujeito-objeto de Kant, o qual, segundo Hegel, aponta para um conhecimento parcial da realidade. No contexto das filosofias, tanto de Kant quanto de Hegel, vê-se que ambas estão configuradas dentro do racionalismo e, nesse sentido, podem ser ditas como filosofias idealistas. Porém, a filosofia de
Hegel configura-se como um idealismo que não descarta o real, enquanto a filosofia de Kant aborda, em alguns aspectos, o real, mas de modo transcendental. Assim, buscamos uma articulação entre a abordagem hegeliana do conhecimento em contraponto com o conhecimento em Kant, bem como a função do ‘eu transcendental’ na interpretação hegeliana.
Palavras-chave: racionalismo; dualismo; eu penso; ideia; absoluto.
Introdução
A filosofia de Hegel pode ser interpretada como uma superação do dualismo entre sujeito e objeto, mas de um modo mais amplo pode-se dizer que Hegel pretende superar, por um lado, a objetividade grega que empregava uma atenção toda especial para o homem em sua identificação com o mundo; por outro lado, a subjetividade da modernidade na perspectiva cartesiana e humana, bem como a revolução copernicana de Kant. Com isso, temse em Hegel a busca pela superação do dualismo entre o subjetivo e o objetivo, ou, entre sujeito e objeto.
Para Hegel, o esforço da filosofia está em unir o que está à parte, ou seja, um esforço para unir opostos, e isso é melhor identificado em sua crítica ao dualismo kantiano e sua separação entre sujeito e objeto, e entre fenômeno e coisa em si. A busca pela superação do dualismo, direcionado a Kant, está, em alguns aspectos, na interpretação hegeliana da filosofia de Kant, a qual é considerada por Hegel como uma filosofia da reflexão, pois, o sujeito vê a coisa como ele quer, ele representa a coisa para ele mesmo, ele reflete a