Hebreus
Pe. Edson Adolfo Deretti
A carta aos Hebreus: um sacerdote fiel para um povo a caminho
Introdução
Um escrito todo especial: uma carta que não é carta, nem é de Paulo, nem dirigida aos hebreus. Esse nome, “carta aos Hebreus” foi dado muito tempo depois. Ele foi chamado de carta porque no final se encontram algumas recomendações e uma despedida (13,22-25). Mas o seu conteúdo é mais de um sermão ou reflexão do que de uma carta. Imaginou-se que ele seria endereçado a hebreus (gente oriunda do povo judeu), porque sua reflexão faz uso constante da Escritura e exige um bom conhecimento dela (nisso, contudo, não há nenhuma diferença com qualquer outro texto do Segundo Testamento). Intrigante também é o fato de que esse escrito tenha sito atribuído a Paulo: faltam aquelas indicações de autor e a saudação que encontramos em todas as carta do apóstolo. Além disso, os temas de Hebreus são muito diferentes daqueles que encontramos nas cartas paulinas, embora em alguns momentos se mostre alguma proximidade.
Mas, mais intrigante é a maneira predileta de Hebreus se referir a Jesus, chamando-o de sumo sacerdote, tema tratado em vários capítulos. A expressão “sumo sacerdote” indicava o mais importante dos sacerdotes do Templo de Jerusalém, que exercia a função de comando das atividades que aconteciam ali. Ora, o sacerdócio em Israel era atribuição da tribo de Levi – e Jesus não era dessa tribo. Era leigo, e entrou em conflito com as práticas sacerdotais do seu tempo. Então, como foi possível ao autor de Hebreus chamar Jesus de sacerdote? Qual o sentido dessa afirmação?
a) Dando alguns passos
Quanto a quem possa ter escrito o texto, certamente podemos descartar a autoria paulina, pelos motivos já citados. Podemos dizer apenas que o autor desse texto é alguém que ouviu falar de Jesus e de sua mensagem por meio de pessoas que terão convivido com ele (cf. 2,3: a comunidade – e o próprio autor – ouviu a proclamação da salvação de gente que a