Hallux valgus
Não podemos analisar esta patologia como uma simples deformidade em valgo do hállux, ou mesmo uma exostose (proliferação óssea externa que deforma a morfologia do osso) ao nível da cabeça do primeiro metatarsiano. Antes de darmos o conceito desta patologia, gostaríamos de iniciar definindo alguns pontos básicos sobre a estrutura do pé, como: a estabilidade estrutural, que é o equilíbrio estático do pé, garantido por ossos e ligamentos; a estabilidade postural que é o equilíbrio dinâmico, mantido e garantido pelos músculos e tendões. Qualquer alteração numa dessas duas estabilidades (postural e estrutural) leva ao distúrbio básico do pé. O hállux valgus seria um estágio final desse distúrbio básico. Na anatomia patológica o desvio em valgo do hállux é apenas uma das alterações, mas nem sempre a mais importante. Encontramos alterações gerais no pé, como: pé espraiado anteriormente, pé plano valgo, em que há um desvio em valgo do retropé, mudando o eixo da articulação subtalar, que se torna quase paralelo à mediotársica, permitindo maior movimento desta articulação, levando a uma hipermobilidade do primeiro raio; varismo do primeiro metatarsiano em relação ao segundo também pode estar presente. Este ângulo não deve ultrapassar 12º. A primeira articulação do metatarsiano poderá ter superfícies convexas, levando a maior mobilidade desta, que poderá contribuir ainda mais para o varismo ou hipermobilidade do primeiro raio. Outras alterações podem estar presentes, associadas ao hállux valgus, como o escafóide, os intermetatarsianos, que funcionam como cunha entre o primeiro e o segundo metatarsiano, contribuindo também para o aparecimento ou agravamento do hállux valgus. Todas essas alterações podem traduzir uma insuficiência do primeiro raio.
As alterações metatarsofalangianas do hállux são deslocadas lateralmente, os sesamóides e o retalho glenossesamóideo são deslocados junto com o hállux. Os ligamentos da parte medial da articulação