Haiti Estado falhado
A crise política e ambiental além do epicentro do terremoto.
O Haiti vem atraindo a atenção do mundo desde janeiro de 2010 quando foi devastado por um terremoto que destruiu quase toda infraestrutura de sua capital, Porto Príncipe, e matou centenas de milhares de pessoas. Atualmente, o Haiti é um o país mais pobre da América. Fora da África é o país com o pior IDH do mundo figurando a 161ª posição, dentre os 187 países avaliados.
Hoje, o Haiti é considerado um país “falhado”. O Estado que falha não consegue prover a sua sociedade com bens políticos básicos, como segurança, educação, infraestrutura, cuidados ambientais etc. A crise política haitiana culminou em 2004, com o envio da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), para conter os rompantes de violência, estabilizar e desenvolver o país.
Interessante observar que a falência de um Estado não pode ser determinada pelas condições geográficas as quais está sujeito, mas exclusivamente às ações do homem. A pobreza extrema que tem assolado o Haiti há décadas, além de ter sido motivada por políticas econômicas inadequadas adotadas pelos últimos governos, foi também impulsionada pela exploração inadequada do espaço.
Desde o início de sua história, o Haiti teve seus recursos naturais explorados de forma indiscriminada. As colonizações pela Espanha e pela França levaram à extração de madeiras nobres, debilitando o solo com o cultivo extensivo da cana de açúcar e do café. A independência da primeira nação de escravos libertos do mundo também não veio de graça: nas décadas que seguiram houve um boicote ao comércio por outros países, houveram guerras e tentativas de invasão que deixaram o país na miséria. Sem acesso ao comércio internacional, o país teve de utilizar os recursos de que dispunha. Assim, a população fez do carvão vegetal sua maior fonte de energia e renda, sendo até hoje a sua principal matriz energética. Segundo a ONU, 30 milhões de árvores