habito de comer fora
Janine Helfst Leicht
Collaço
NAU-USP
Campos 4:171-194, 2003.
Recentemente o alimento tem surgido com mais freqüência na pauta de discussões da Antropologia em geral, já que durante alguns anos não houve um intenso interesse sobre o tema. Atualmente, é possível acessar uma ampla produção acadêmica procedente de diversos países, envolvendo questões que tratam da alimentação, do alimento, do comer, do corpo etc, assuntos que também estão sendo focalizados em nosso meio e que vêm gerando importantes trabalhos na área1 .
Os enfoques utilizados para tratar essas questões são compostos de diversas facetas, pois abordam o tema não só do ponto de vista das mudanças geradas pela introdução de novos produtos alimentícios e tecnologias industriais, mas também se atêm ao modo pelo qual o alimento é consumido. Nesse sentido, interessa sobretudo o conduzir uma refeição fora de casa, hábito que embora não seja um fenômeno exclusivo de nossa época2 , tornou-se extensivo a uma parcela maior de pessoas que o incorporaram ao cotidiano, especialmente das grandes cidades.
Ao lidar com as representações do comer em restaurantes de comida rápida3 localizados em praças de alimentação de shopping-centers, este trabalho tenta aproximar-se da diversidade urbana que uma cidade como São Paulo abriga, postura reforçada ao se lembrar que as praças de alimentação apresentaram um crescimento acentuado a partir de meados da década de 1980 e se consolidaram durante os anos seguintes, tomando importância fundamental para os shopping-centers e sugerindo transformações nas dinâmicas do comer4 .
Para tanto, este texto pretende ser uma breve reflexão sobre os dados de campo coletados nesses espaços5 nos períodos de março/junho de 2000, abril/ julho de 2001, dezembro de 2001 e janeiro/março de 2002. Os trechos de