Habitação popular - caminhos e descaminhos

Habitação popular e representações do bem-morar: conflitos∗ Ana Stumpf Mitchell∗∗ Introdução A urbanização brasileira adquiriu importância a partir de meados do século XX, quando o modelo desenvolvimentista do Estado passou a comandar a economia e a valorizar o padrão urbano-industrial concentrador. Nesse contexto, as metrópoles adquiriram expressão como espaços privilegiados pelo capital, concentrando atividades altamente sofisticadas e modernas e, ao mesmo tempo, atraindo populações migrantes e ampliando problemas estruturais ainda não-solucionados, como o desemprego e o subemprego, a proliferação de ocupações irregulares, a carência de saneamento básico, a degradação ambiental e a violência urbana (Strohaecker, 2004). Segundo o Censo Demográfico 2000, Porto Alegre possui uma população total de 1.360.033 habitantes; desses, 287.161 (21,11%) vivem em moradias precárias. Existem na capital gaúcha, segundo dados do ano 2000 (Programa Habitar Brasil/BID, 2001:131), 464 assentamentos subnormais 1, num total de 73.392 domicílios, equivalente a 14,57% do estoque de domicílios. Nesse contexto, considerado atualmente como uma das mais importantes ações da Prefeitura Municipal de Porto Alegre em relação à população com baixa renda, o Programa Integrado Entrada da Cidade (PIEC) tem como objetivo fornecer a essas pessoas, além da habitação, também a geração de trabalho e renda, a participação social e o exercício da cidadania, criando expectativas quanto à melhoria da vida dessa parcela da população. Além disso, através da política de regularização fundiária e de urbanização de ocupações

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O presente artigo é resultado da monografia de conclusão do curso de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), intitulada “Moradia popular e suas representações: o caso dos moradores do Condomínio Pôr-do-Sol no Programa Integrado Entrada da Cidade, em Porto Alegre, RS”, de autoria de Ana Stumpf Mitchell, com orientação da Profa. Dra. Tânia Marques Strohaecker, do