gêneros textuais
O enfoque do ensino de produção textual esteve, durante muito tempo, voltado para o domínio de três formas de composição dos textos: narração, descrição e dissertação. Os exercícios de redação estavam voltados para o domínio da técnica de escrita e da estrutura formal de cada uma dessas modalidades. Assim, aprendia-se um modelo de texto narrativo, descritivo e dissertativo, como se existisse apenas aquele padrão a ser seguido. Como conseqüência, as referências a um possível interlocutor para o texto ficavam restritas, na maioria dos livrosdidáticos, às cartas pessoais e comerciais, como se nos demais gêneros não devesse haver um leitor além do professor.
A partir da década de 90, verificou-se um início de mudança nessa conduta, devido à influência de outros referenciais teóricos na elaboração de livros didáticos: essas obras, antes vinculadas a uma abordagem de base estruturalista, passaram a uma abordagem de base interacionista. Com essa mudança, não apenas a noção de língua, mas também as noções de escrita e de texto foram alteradas, ao menos no discurso divulgado nos manuais do professor.
Tornou-se comum encontrar nestes manuais referências aos gêneros textuais e/ou gêneros discursivos. Neste sentido, um aspecto a ser levado em consideração pelos autores de livros didáticos é que, devido à permanente tensão entre estabilidade e instabilidade que caracteriza os gêneros textuais/discursivos1 , poucos são os teóricos que se propõem a construir classificações ou agrupamentos dos gêneros que circulam na sociedade. Ao adentrarmos no âmbito do ensinoaprendizagem, no entanto, as sistematizações, os modelos e esquemas têm um lugar de prestígio e costumam ser muito bem-vindos por professores e alunos. Para não quebrar essa expectativa e esse desejo de ordem (ainda que seja falsa), os livros didáticos se veem obrigados a sistematizar por conta própria os conteúdos de ensino a partir de