Gêneros do Discurso
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São
Paulo: Martins Fontes, 2003. p.261-306.
Resenhado por Rita Signor1
Nos estudos de gêneros do discurso realizados no Brasil, Bakhtin é um dos autores mais citados. O que se observa, entretanto, é uma grande diversidade conceitual e terminológica em pesquisas alicerçadas por sua análise dos gêneros. Este fato é decorrente de uma concepção não hegemônica de tal conceito, oriunda de correntes teóricas diversas. Existe ainda, a questão das diferentes interpretações e apropriação desta noção pelos estudiosos do assunto. Também há de ser considerado o enfoque do estudo, por exemplo, os lingüistas e os antropólogos possuem motivações divergentes em relação às pesquisas que envolvem a temática2. Esta resenha refere-se ao texto – os gêneros do discurso – de Bakhtin (2003).
Para Bakhtin, os gêneros do discurso resultam em formas-padrão “relativamente estáveis” de um enunciado, determinadas sócio-historicamente. O autor refere que só nos comunicamos, falamos e escrevemos, através de gêneros do discurso. Os sujeitos têm um infindável repertório de gêneros e, muitas vezes, nem se dão conta disso. Até na conversa mais informal, o discurso é moldado pelo gênero em uso. Tais gêneros nos são dados, conforme Bakhtin (2003, p.282), “quase da mesma forma com que nos é nos é dada a língua materna, a qual dominamos livremente até começarmos o estudo da gramática”.
Antes de adentrarmos na discussão a respeito do conceito de enunciado (fundamental para entendermos o conceito dos gêneros), faz-se importante uma breve explanação a respeito de outros conceitos, a saber: o conceito de oração e palavra (unidades da língua).
A palavra, como também a oração pura e simples, não requer ato comunicativo, não suscita uma atitude de resposta por parte do outro, pode ser retirada do contexto, possui uma conclusibilidade abstrata e, por isso, pode não ser precisa; é o