Guerra Santa
No cristianismo, somente na alta Idade Média surgiu a noção de Guerra Santa, como instrumento ao qual a Igreja recorreu para defesa de interesses superiores da ordem religiosa, mais concretamente, da "civilização cristã". Esta guerra nasceu da necessidade de opor uma resistência de toda a Cristandade às invasões dos Bárbaros, Muçulmanos e, por fim, dos Otomanos. A guerra contra os não-cristãos foi tida por Guerra Santa, daí a bênção pública e solene das armas. Só após o desagregamento do império carolíngio o Papado tomou a seu cargo estas guerras (séc. X), das quais as mais populares foram as Cruzadas.A Guerra Santa para os muçulmanos tem também um carácter ofensivo: para eles a jihâd é a luta contra os inimigos de Deus, principalmente os politeístas, e a própria difusão do Islão através das armas. A Guerra Santa para fazer imperar os direitos de Deus sobre as criaturas, fazendo parte da luta constante e universal para, por todas as formas, abolir o mal e cultivar o bem. Não é, portanto, Guerra Santa a que é motivada por interesses de ordem política ou religiosa.
As raízes do conceito de "guerra santa" estão fincadas nos principais livros das duas religiões. No Antigo Testamento - que compõe a primeira parte da Bíblia cristã -, a ocupação da Canaã (região da Palestina) no século 6 antes de Cristo pelos judeus vindos do Egito sob liderança de Moisés, narrada no "Livro de Josué", mostra a conquista da Terra Prometida, com a expulsão dos seus ocupantes, e a divisão dela entre as tribos judaicas. A narrativa enfatiza que a luta pela conquista da Terra Prometida foi feita com a ajuda de Deus, o que a justificou totalmente.
Doze séculos depois da conquista de Canaã pelos judeus, Maomé, fundador do Islamismo, irá definir no Alcorão que um último recurso da "jihad" - obrigação religiosa de todo muçulmano na difusão do Islamismo - é se engajar