Guerra Fria
Em meados do Século XX, a condição de duas superpotências – Estados Unidos e União Soviética - possuírem poderio bélico nuclear foi um dos principais fatores para a configuração do período denominado como “Guerra Fria”. Essa guerra comportou uma natureza própria, distinta das demais já ocorridas na História da Humanidade à medida que se caracterizou primordialmente pelo impedimento de um conflito derradeiro entre seus oponentes - este poderia culminar não só na aniquilação mútua, mas na própria destruição do mundo. Assim, cabe identificar a lógica instaurada por essa nova dinâmica da guerra através da análise de seu contexto histórico, estratégico, político e filosófico.
A tecnologia nuclear foi uma das grandes descobertas da ciência e um dos instrumentos mais revolucionários da capacidade bélica, da estratégia militar e das relações políticas na ordem mundial no Século XX. O surgimento da bomba atômica, a arma mais poderosa e destrutiva já inventada na História, foi um elemento central na dinâmica do jogo de poder instaurado entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria 1, pois ao mesmo tempo em que impediu um confronto direto entre as duas superpotências que poderia por em risco a própria sobrevivência da humanidade, foi a responsável pela eclosão de inúmeras outras guerras convencionais ou “quentes” nas “periferias globais” que ceifaram a vida de mais de 20 milhões de pessoas.
Segundo Raymond Aron, o início da Guerra Fria demarca, de fato, o início de uma nova era. Ao mesmo tempo em que não se vê uma alternativa para a paz, a guerra é considerada “impossível”. O paradoxo criado é fruto de uma situação inédita em que os Estados preparam-se para uma guerra que não desejam realizar, pois a conflagração real da guerra com o uso de todo o aparato militar disponível acabaria sem vencedores ou vencidos, pois muito possivelmente, nenhum dos dois lados seria capaz de sobreviver integralmente a ela. O próprio sentido básico de uma guerra –