Guerra De Canudos
O Contexto Histórico Da Guerra De Canudos
I. Introdução
O episódio da Guerra de Canudos foi um dos mais sangrentos da nossa História. Porém, revelou, através da astuta observação do escritor Euclides da Cunha, a existência de dois "Brasis", um do litoral e outro do sertão. O litoral representava a ideia de modernidade e progresso, no dizer da época a civilização; o sertão representava o atraso, o conservadorismo.
II. Antecedentes da Guerra de Canudos (1896 - 1897)
Em novembro de 1889, a República foi implantada no Brasil através de um golpe de estado executado pelo Exército. Assim a Monarquia - o antigo sistema político implementado no Brasil, na época da Independência, em 1822 - chegou ao fim.
Os primeiros anos da República foram difíceis. Existia a ameaça de um contragolpe, ou seja, de um retorno da Monarquia. Esse temor era real, pois a Marinha brasileira era monarquista e por duas vezes tentou um golpe contra a República, mas sem sucesso. Em razão dessa ameaça os militares do exército endureceram o governo, tornando-se praticamente ditadores.
É nesse clima de medo que os eventos que ocorriam em Canudos, no sertão da Bahia, foram mal compreendidos pela elite brasileira e pelo Exército, no Rio de Janeiro, capital da República. As atitudes, por parte dos sertanejos, de rasgar proclames do governo republicano e rejeitar o casamento civil, por exemplo, foram interpretadas como monarquistas. Rapidamente a povoação de Canudos foi acusada de ser um foco monarquista que pretendia derrubar a República.
É importante observar que esse mal entendido disfarçava dois fortes interesses político-econômicos. O primeiro era local, dos latifundiários e coronéis de propriedades à volta de Canudos, pois a ida dos sertanejos para a povoação esvaziou a mão-de-obra dessas propriedades. Canudos contava com aproximadamente 20 mil habitantes, menor apenas que Salvador. O segundo era nacional, ou seja, era o temor do Exército e das elites do Rio