guarani
Enquanto os ingleses e portugueses tinham, por exemplo, a Idade Média como fonte inspiradora, o Brasil, no sentido de recuperar um glorioso passado do qual podia se orgulhar, tinha como única referência os índios, primeiros habitantes do solo brasileiro.
Como eles não tinham o glamour que os guerreiros medievais apresentavam em suas jornadas aventureiras, a solução literária encontrada foi recuperar o índio, como acontece com Peri (o personagem central do livro), protagonista do romance, com características morais e comportamentos dignos de um soldado da Idade Média europeia.
Nacionalização literária
Nesse sentido, a obra de José de Alencar contribuiu para a nacionalização da literatura no Brasil e a consolidação do romance nacional, do qual foi pioneiro e, por isso, chamado de "patriarca da literatura brasileira". Os seus heróis indígenas, rodeados de uma natureza exótica e fascinante, são repletos de bondade, nobreza, valentia e pureza, características que os aproximam dos cavaleiros e donzelas medievais.
Narrado em terceira pessoa, o livro se passa no Brasil do início do século 17. A história gira em torno de Dom Antonio de Mariz, fidalgo português que, com a construção de uma fortaleza, desafia o poder espanhol. O plano do antagonista, o aventureiro Loredano, queimado como traidor ao final do livro, incluía raptar Cecília, a Ceci, filha de D. Antônio, vigiada pelo forte e valente índio Peri.
Ele salva a vida da moça, ameaçada de morte pelos índios aimorés, que queriam vingar a morte acidental de uma índia de sua tribo causada por Diogo, filho de D. Antônio. No combate entre aimorés e portugueses, os