INTRODUÇÃO Como observa o próprio Alencar, nas "notas do autor", o título dado ao livro – "o guarani" – "significa o indígena brasileiro". Peri, pois, protagonista da história, seria não só o representante da grande nação tupi-guarani (da tribo dos goitacás), como também o símbolo do aborígine brasileiro em geral. O Guarani foi publicado, inicialmente, sob a forma de "folhetim", de fevereiro a abril de 1857. Segundo consta, sua publicação fez grande sucesso na época, sendo os exemplares do jornal, em que era publicado, disputados avidamente pelo público leitor. O interesse era, talvez, semelhante ao que acontece hoje com as novelas de televisão. Além de O Guarani, Alencar publicou diversos outros romances, sendo, até hoje, um dos autores mais lidos da literatura brasileira. A crítica costuma dividir os seus romances em quatro grupos: a) romances urbanos: A Viuvinha, Diva, Lucíola, Senhora, etc. cujo cenário é a corte do Rio de Janeiro; b) romances históricos: As Minas de Prata e Guerra dos Mascates; c) romances regionalistas: O Gaúcho, Sertanejo, O Tronco do Ipê; d) romances indianistas: O Guarani, Iracema e Ubirajara. Importante observar que Alencar, no prefácio a Sonhos d' Ouro, classifica O Guarani como "romance histórico" – certamente levado por alguns elementos históricos que o livro apresenta. Mas, como observa Oscar Mendes, na introdução da coleção "Nossos Clássicos" (vol. 95), "achamos de melhor alvitre arrolar O Guarani entre os romances indianistas, onde melhor se enquadra, pois o fundo verdadeiramente histórico da narrativa e por demais limitado e sem importância". (p. 7). O Guarani é um livro estruturado bem ao gosto romântico, pois o enredo contém ingredientes que 1he são próprios: amor, aventuras, vilões, além do exótico e do pitoresco dos personagens e do cenário. A rigor, o livro (como, de resto, todo "romance romântico") é muito mais uma novela que um romance. Basta