Gritos no vazio
Eu estou outra vez no vazio gritando por algo que não sei o que é. A garganta arde e a cada vez mais o silêncio apavora. Procuro um novo amor, uma nova vida, uma felicidade escondida em algum gesto perdido. A mente vazia, o coração em dor, nos olhos estampado um amor perdido, uma saudade sem sentido. Como alguém pode sentir falta do que nunca teve? Eu nunca te perdi tampouco te ganhei, talvez fosse melhor se algo fosse decidido e não estar sempre nesse mesmo impasse, essa mesma decisão que eu não quero tomar, o mesmo medo de sofrer mais e mais desesperadamente a sua ausência, que porra de medo é esse que só teme o que já esta acontecendo? Porque não temer a morte ou pior a vida sem sentido, melhor do que temer a falta de alguém que já não está, que nunca esteve. Eu corro ao por do sol tentando encontrar lembranças apagadas na minha memória. Tentando fazer real a imagem que a foto me mostra de você, sorrindo ao meu lado e eu, completamente fora de mim, com os dedos repousados levemente sob sua blusa, como se tivesse medo de apertar demais, como se fosse impossível apenas te tocar levemente, talvez seja por isso que eu não disse nada, talvez se minha voz se fizesse presente eu não pararia de falar até esgotar minhas forças. Talvez tenha sido melhor assim, sem um aviso prévio do começo ou do fim, você apenas veio e se foi com uma velocidade incrível. Sim, eu me condeno, me condeno todos os dias por não ter gritado pra você tudo o que eu sinto hoje, me condeno por ter sido tão fraca e tão pequena, devia ter te olhado nos olhos e falado tudo, tudo o que hoje faz meu coração arder. Se eu soubesse que era a última vez teria feito tudo diferente, se eu soubesse que seria o único tempo que eu teria você perto de mim, se eu soubesse que aqueles abraços eram os últimos teria feito diferente, eu juro que teria, eu teria ao menos me obrigado a te olhar nos olhos, a te dizer claramente o que eu sinto, a te sorrir e te fazer chorar com o que eu penso. Mas não,