Gringos Para Nos Mesmos Luciano Trigo
Disciplina: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Professora: SUEMY YUKIZAKI
Resumo do texto: Gringos para nós mesmos
Nas últimas semanas o longa-metragem de animação Rio se transformou num fenômeno de bilheteria em todo o mundo, encantando adultos e crianças.
Dirigidas por um brasileiro, Rio é um cartão postal em movimento e tecnologia 3D, uma declaração de amor que enche os cariocas de justificado orgulho.
Não sei se foram os biquínis, mas algo me parecia fora do lugar quando saí do cinema e me deparei com uma cidade menos colorida, com uma paisagem urbana sem correção digital, com cariocas falando português sem sotaque ou legenda – e nenhuma arara azul à vista.
A realidade estava desfocada. Um sentimento de estranheza me invadiu, e não foi pela falta dos óculos 3D.
Como Carmen Miranda, Zé Carioca (Joe Carioca no original) foi um fruto direto da Política de Boa Vizinhança implementada pelo presidente Roosevelt nas décadas de 30 e 40. Mais que um esforço diplomático de aproximação com seus vizinhos do sul num contexto de polarização política planetária, tratava-se, hoje se sabe, de uma estratégia de dominação ideológico-cultural a longo prazo sobre o continente. Havia o interesse declarado em garantir a hegemonia americana não apenas por meio de acordos comerciais, alianças políticas ou planos de cooperação, mas também por meio de uma intervenção cultural, na exportação sutil e sedutora de práticas e valores, desejos e sonhos, maneiras de viver e de consumir Como a televisão ainda não existia e boa parte da população brasileira era analfabeta, o cinema foi o grande veículo desse processo de dominação.
Distribuidoras americanas aqui instaladas ocuparam nosso mercado com filmes que nos empurravam aos lotes. Mas os verdadeiros produtos não eram os filmes, e sim os padrões de comportamento e os valores sociais e simbólicos que camuflavam interesses estratégicos de