grecia
Quando fui, pela primeira vez, a Praia do Coqueiro, no litoral do Piauí, uma série de casas me chamou a atenção, indicando ali uma arquitetura residencial radicalmente diferente da que estava acostumado a observar em Brasília. Eram casas com ângulos inusitados, telhados de palha em inclinações radicais, materiais locais como babaçu, carnaúba, buriti e pedra castelo. Tinham ainda um primoroso trabalho de encaixes e ritmos com madeiras nas fachadas, proporcionando jogos curiosos de luz e sombra nos interiores das casas, além de um excesso de informações que acabavam por formar um conjunto agradável e com forte presença no cenário local. As casas praianas do Coqueiro pareciam integrar-se à natureza local, com as ondulações das dunas de areia. Soube então que aquele conjunto arquitetônico era obra de um “arquiteto porra louca” de Teresina chamado Gerson Castelo Branco. Iniciou-se então uma curiosidade e admiração pelo trabalho do arquiteto autodidata.
Gerson Castelo Branco, natural de Parnaíba, Piauí, inventou um estilo próprio de arquitetura residencial, denominado de “paraqueiras”. Acabou por ter uma obra sua, uma casa de praia feita em 1977, incluída na obra de Pietro Maria Bardi e Oscar Niemeyer: “A Arte no Brasil”, publicado em 1986, lhe dando credibilidade artística e conceitual. Com o projeto de sua própria casa campestre na Serra do Ibiapaba, no Ceará, chegou a ser publicado na Architectural Digest americana, sendo um dos raríssimos designers brasileiros a terem obras estampadas na revista. A partir de então, teve uma prolífera produção, rompendo com o relativo isolamento que o Piauí sofria, chegando a realizar projetos em outras cidades brasileiras e mesmo na Europa. Chegou a ter obras exibidas no Museu de Frankfurt e a receber diversos prêmios.
Em Teresina, projetou um grande parque público, a Potycabana, durante o governo Alberto Silva, que durante