Gravidez na Adolescência
revista do hospital de crianças maria pia ano 2010, vol XIX, n.º 3
Gravidez na Adolescência
Rosa Maria Rodrigues1
INTRODUÇÃO
Habitualmente pouco pacífica, a adolescência constitui uma fase de desenvolvimento caracterizada por profundas transformações a nível físico, psicológico, afectivo, social e familiar.
A progressiva maturação fisiológica é normalmente acompanhada pela súbita descoberta de novas relações e experiências, de ordem afectiva e sexual, muitas vezes geradoras de intensos conflitos. Estes sentimentos devem-se frequentemente a uma desarmonia entre o desenvolvimento corporal, sexual e mesmo intelectual e a aquisição de maturidade emocional.
Preocupada com a imagem corporal e o estabelecimento de relações cada vez mais projectadas para o exterior da família a adolescente manifesta importantes carências informativas relativamente à sexualidade, contracepção e risco de gravidez.
INCIDÊNCIA
A gravidez na adolescência é um fenómeno universal, tendo as suas origens no passado, existe connosco no presente e, se não for prevenida, continuará no futuro. A incidência da gravidez na adolescência é variável consoante os países e as épocas.
A verdadeira incidência deste fenómeno é difícil de conhecer porque em termos estatísticos unicamente são contabilizadas as taxas de natalidade que, como sabemos, só representam uma pequena parte do número de gravidezes.
Portugal é o segundo país da Europa Ocidental a registar maior número de grávidas adolescentes, muito embora na última década se verifique um decréscimo. Todos os dias doze adolescentes dão à luz em Portugal.
FACTORES DE RISCO
A gravidez na adolescência não é um fenómeno novo. Encontram-se grávidas adolescentes em todos os estratos sociais, contudo parece ser mais prevalente nas classes mais desfavorecidas.
Constituem factores de risco o abandono escolar, o baixo nível de escolaridade da adolescente, companheiro e família, a ausência de planos futuros, e