Gravidez na Adolescência
Para entender a gravidez na adolescência como um problema social, devemos entender sua construção social e histórica. Os conceitos de vida sexual, econômica, de gênero e cultural das mulheres no Brasil, vigoram de forma patriarcal e sexista, moldando a trajetória dessa jovem até a fase adulta. A visão moralizadora sobre a emancipação feminina mostra como a dificuldade de inserção no mercado de trabalho e a baixa escolaridade das mulheres chefes de família e/ou mães solteiras, implicaria no aumento da pobreza e da criminalidade. Além do discurso sobre o risco que uma gravidez precoce poderia trazer a saúde psicológica da mãe e da criança, como a imaturidade fisiológica e psíquica das mães adolescentes. Porém, além de ocultarem completamente a responsabilidade da paternidade, esquecem da questão de classe e pairam no senso comum.
Há uma articulação entre classe social e gênero, já que a maioria das jovens (mulheres) de classe média param de estudar devido a gravidez. Porém, nas classes populares, essas jovens já não tinham a mesma condição, e muitas vezes, antes de engravidar já não estudavam. Entre os homens não há mudanças significativas, devido ao fato da gravidez precoce não interromper seus projetos educacionais. Na verdade, a paternidade na adolescência tem um impacto muito reduzido, devido ao fato do adolescente não assumir a gravidez, eximindo-se do sustento da criança, ou até mesmo da não aceitação da paternidade, com a justificativa de não ser o parceiro efetivo da adolescente grávida,